Preservando as histórias indígenas através de suas pinturas, Patricia Leite traz a cultura e o patrimônio do Brasil para Londres. Nascida em 1955 em Belo Horizonte, Brasil, Leite foi alimentada pelas lendas dos povos indígenas Tupi-Guarani durante a infância. Agora, essas histórias e suas influências ressoam em suas obras, transformando a paisagem em personagens principais em seu trabalho.
Em sua segunda exposição na Thomas Dane Gallery em Londres, Paisagem de Lenda, Leite apresenta um conjunto de novas pinturas e uma tapeçaria que refletem as histórias indígenas, entrelaçadas com a paisagem e a ecologia do Brasil. Diante da erosão dos ambientes naturais devido à mudança climática, indústria, extração e políticas destrutivas de governos negligentes, Leite cria obras que refletem sobre o que será perdido, e em celebração melancólica do que ainda permanece.
Uma colaboração com o artesão uruguaio de São Paulo, Jorge Francisco Soto, é o destaque da exposição. A tapeçaria, que apresenta vitórias-régias, símbolo do Amazonas, é inspirada na Origem do Mumuru (Vitória Régia ou Giant Lily Pad). Na história, uma jovem chamada Naiá é atraída para um lago pelo reflexo da lua, sendo transformada em uma flor flutuante que só se abre à noite para a deusa Jaci. Esta tapeçaria, Mumuru (por Burle Marx) (2024), é a peça central da exposição.
As obras de Leite capturam a essência das qualidades de luz e água: a chuva, o mar, os reflexos, a luz das estrelas, o crepúsculo, a luz da lua. Em “Glisten” (2024), vemos um grupo de árvores refletidas em um corpo de água parado. Em “Sideral (para Naiá)” (2024), Leite pinta um céu cheio de estrelas cadentes e corpos celestes; e em “Toró” (2024), uma cascata de chuva pesada cobre todo o plano da imagem, quase chegando à abstração.
As pinturas de Leite, sem habitantes, provocam um sentimento de solidão e reflexão. Através de sua luminosidade, campos de cores sedutoras e um registro nostálgico, Leite nos chama para olhar com mais atenção para nosso mundo natural, para prestar atenção em momentos fugazes de beleza intangível.
A exposição Paisagem de Lenda será acompanhada por uma publicação da Galeria Thomas Dane, incluindo um novo texto do curador José Augusto Ribeiro, disponível em inglês e português.