O opulento mundo dos impérios midiáticos e a natureza corrosiva do poder dentro de uma família fraturada estão prestes a colidir no drama espanhol da Netflix, ‘Legado Corrompido’. A série é estrelada por Jose Coronado como Federico Seligman, um patriarca cujo retorno após uma doença desencadeia uma batalha pelo controle que ameaça consumir tudo o que ele construiu. A Espanha também entra na onda das histórias de sucessões e impérios em ruínas.
O retorno de um patriarca: a trama de ‘Legado Corrompido’
O núcleo narrativo de ‘Legado Corrompido’ gira em torno de Federico Seligman (Jose Coronado), uma figura imponente no mundo das comunicações e dos negócios. Após uma ausência de dois anos devido a uma grave doença que o forçou a se afastar de suas empresas, Federico retorna a um cenário drasticamente alterado. Ele descobre que seus filhos, os herdeiros designados de seu vasto império midiático, não apenas se tornaram “estranhos” aos seus olhos, mas também estão conduzindo os negócios da família em uma direção que ele veementemente “detesta” e “despreza”.
A doença de Federico é mais do que um mero recurso de roteiro para explicar sua ausência; ela serve como um catalisador crítico para o conflito central. O vácuo de poder criado durante sua incapacidade permitiu que seus filhos impusessem suas próprias visões e ambições para a empresa, preparando inevitavelmente o cenário para um choque geracional em seu retorno: um profundo abismo emocional e ideológico, nascido do tempo, ambições divergentes e, talvez, da experiência isoladora de sua enfermidade. Isso torna a batalha subsequente profundamente pessoal, transcendendo em muito um simples desacordo empresarial.
Decidido a proteger a obra de sua vida, Federico jura fazer “tudo o que for inimaginável” e “não parar por nada” para impedir que seus filhos, em sua visão, destruam seu legado: negócios em jogo, uma família longe de ser perfeita, relações amorosas, triângulos amorosos, conexões governamentais, uma entrevista muito controversa. A série lança diretamente uma pergunta provocadora ao público: até onde você está disposto a ir para proteger seu legado?
A sinistra frase “tudo o que for inimaginável”, juntamente com a arrepiante declaração de Federico, “prefiro destruir tudo a deixar para vocês, se é isso que vão fazer quando eu morrer”, o posiciona como um potencial anti-herói, um homem cuja luta desesperada para manter o controle pode levá-lo por um caminho sombrio. A série parece disposta a explorar os aspectos destrutivos de se apegar demais ao poder e a uma visão singular do próprio legado, mesmo que isso signifique recorrer a ações impiedosas, manipuladoras ou potencialmente ilegais.
Conheça o elenco
No coração deste turbilhão familiar está Jose Coronado como Federico Seligman, o patriarca cuja feroz determinação em proteger seu império alimenta o drama central. Ao seu redor estão seus quatro filhos, cada um com sua própria perspectiva sobre o legado familiar e seu papel nele, preparando o cenário para o que uma fonte descreve como uma “guerra interna de alto risco pelo controle da dinastia midiática”.
O talentoso elenco que dá vida a esses personagens complexos inclui Belén Cuesta (reconhecida por seus papéis em “La Casa de Papel” da Netflix e “Paquita Salas”) que interpreta Yolanda Seligman, a filha mais velha. Diego Martín (conhecido pelo público de “Elite” e “Velvet”) interpreta Andrés Seligman. Natalia Huarte (“As Cartas Perdidas”, “Amar é Para Sempre”) assume o papel de Guadalupe Seligman. Finalmente, María Morera (“Liberdade”, “Cucut”) é escalada como Lara Seligman, a mais jovem das herdeiras.
O elenco de apoio reforça ainda mais o potencial dramático da série, contando com atores aclamados como Susi Sánchez (“Cinco Lobitos”, “Oferenda à Tempestade”), cuja presença foi destacada nas primeiras críticas espanholas. Também fazem parte do elenco Mireia Portas (“Louco por Ela”, “Polònia”), Gustavo Salmerón (conhecido por “La Fortuna”), Iván Pellicer (“Sagrada Família”, “O Clube de Leitores Assassinos”), Salva Reina (“El 47”, “Trégua(s)”), também elogiado nos primeiros comentários, e Lucas Nabor (“Minha Culpa”).

Das mentes por trás de ‘Elite’
‘Legado Corrompido’ surge de uma equipe de talentosos criadores espanhóis. A série é uma criação de Carlos Montero, um nome sinônimo de alguns dos produtos de exportação televisiva de maior sucesso da Espanha, incluindo “Elite”, “A Desordem que Deixou Para Trás” e “Respira”; Pablo Alén, conhecido por “Mari(dos)” e “3 Bodas de Mais”; e Breixo Corral, que também trabalhou em “Mari(dos)” e “3 Bodas de Mais”. Este trio também escreveu os oito episódios da primeira temporada.
A série é produzida pela El Desorden Crea, a produtora fundada por Carlos Montero e à qual se juntou Diego Betancor, produtor executivo de “Elite”. A El Desorden Crea tem um histórico sólido, tendo entregado anteriormente séries populares como “Física ou Química”, “A Desordem que Deixou Para Trás”, “Elite”, “Todas as Vezes que nos Apaixonamos”, e “Respira”. ‘Legado Corrompido’ (originalmente “Legado”) marca sua terceira grande produção, depois de “Todas as Vezes que nos Apaixonamos” (2023) e “Respira” (2024). A empresa opera sob a filosofia de levar “a bom termo todas as ideias que mereçam ser contadas”, uma missão que sugere a narrativa ambiciosa que os espectadores podem esperar.
As tarefas de direção de ‘Legado Corrompido’ são compartilhadas por Eduardo Chapero-Jackson, cujos créditos incluem “Elite” e “Sky Rojo”, e Carlota Pereda, aclamada por seu trabalho no filme de terror “Cerdita” e em “Todas as Vezes que nos Apaixonamos”. Esta dupla sugere uma deliberada ambição visual e tonal para a série. Chapero-Jackson traz experiência na criação do tipo de drama elegante e atraente no qual a Netflix se destaca, enquanto a experiência de Pereda no cinema de gênero mais intenso e focado em personagens pode adicionar um toque mais sombrio e inquietante à representação do conflito familiar e das ações “inimagináveis” de Federico. Essa combinação sugere uma série que será tanto visualmente convincente quanto tonalmente matizada.
Jose Coronado: Uma olhada na ilustre carreira do astro
Jose Coronado, descrito como uma “lenda do cinema e da televisiona espanhola”, ancora ‘Legado Corrompido’ com sua interpretação de Federico Seligman. Sua extensa filmografia inclui títulos de sucesso de crítica e público como “Um Contratempo”, “O Corpo”, “A Garota na Fita”, “O Inocente” e “Entrevías”, demonstrando sua versatilidade e sua imponente presença na tela.
Particularmente relevante para seu papel em ‘Legado Corrompido’ é sua aclamada atuação como Nemo Bandeira na série espanhola “Viver Sem Permissão”. Nessa série, Coronado interpretou um poderoso patriarca galego — um narcotraficante que operava sob a fachada de um empresário legítimo — que é diagnosticado com a doença de Alzheimer. Esse diagnóstico obriga Nemo a confrontar sua mortalidade e a considerar urgentemente sua sucessão, o que leva a uma intensa agitação familiar e empresarial enquanto ele se esforça para proteger seu império e seu legado. Os paralelos temáticos entre Nemo Bandeira e Federico Seligman são surpreendentes: ambos são figuras patriarcais dominantes, ambos enfrentam doenças debilitantes que desencadeiam crises de sucessão, e ambos são impulsionados por uma determinação feroz e moralmente ambígua de proteger o que construíram.
O cenário global de Madrid: As jogadas de poder espanholas da Netflix
‘Legado Corrompido’ surge no contexto da bem-sucedida estratégia da Netflix de produzir séries originais em espanhol que cativam audiências globais. Séries emblemáticas como “La Casa de Papel”, “Elite” e “As Telefonistas” demonstraram o imenso apetite internacional por histórias envolventes da Espanha.
A série foi filmada em diversas locações de Madrid, uma cidade que se tornou um centro de produção chave para a Netflix na Europa. Essa escolha aproveita o rico talento criativo de Madrid e sua posição única como ponte cultural entre a Espanha e a América Latina, permitindo a criação de conteúdo profundamente enraizado na cultura local, mas com amplo apelo internacional. A abordagem da Netflix frequentemente incorpora o princípio de “produzir localmente, pensar globalmente”, e ‘Legado Corrompido’ é um excelente exemplo dessa filosofia em ação.
Portanto, a série não é uma produção isolada, mas uma continuação do comprovado modelo da Netflix de “transcriação” cultural: adaptar conteúdo para ressoar com espectadores de todo o mundo, preservando sua autêntica essência local. O investimento no ecossistema de produção de Madrid significa um compromisso com o fomento do talento e da infraestrutura locais, o que, por sua vez, produz histórias capazes de transcender fronteiras geográficas e linguísticas. O sucesso anterior das séries espanholas na plataforma cria um ciclo de feedback positivo, incentivando um maior investimento em séries como ‘Legado Corrompido’ e aumentando a expectativa do público global por elas.
O que esperar: Uma saga familiar de alto risco com uma acidez feroz
‘Legado Corrompido’ se configura como um intenso drama familiar de oito episódios que mergulha os espectadores em uma implacável luta pelo poder dentro de uma dinastia midiática. É provável que a série atraia fãs de produções que exploram dinâmicas familiares complexas, intrigas corporativas e histórias lideradas por protagonistas fortes e moralmente ambíguos, com algumas comparações iniciais, embora indiretas, com os temas presentes em séries como “Succession”.
A mistura de talento espanhol consolidado, encabeçado por Jose Coronado e pela força criativa Carlos Montero, com atores já familiares para a audiência global da Netflix, cria uma potente combinação. A narrativa mergulhará profundamente em temas centrais: a influência corruptora do poder, o verdadeiro significado e o fardo do legado, o conflito muitas vezes agonizante entre a lealdade familiar e a ambição pessoal, e os extremos aos quais os indivíduos chegarão para proteger o que acreditam ser legitimamente seu.
Onde assistir “Legado Corrompido”