O Apple TV+ nos traz uma comédia dramática surrealista, como eles mesmos a definem. E “Vidas Processadas” consegue combinar drama e a comédia mais absurda com um toque que, inevitavelmente, nos remete a Wes Anderson em sua estética e em alguns cenários.
É uma estreia muito original, que tem elegância, um bom roteiro e, acima de tudo, um equilíbrio entre o dramático, o cômico e um senso estético apurado.
A série estreia nesta semana em um formato novo: quatro episódios para começar e, posteriormente, um por semana, até completar um total de 10 episódios.
A Trama
“Vidas Processadas” se passa em 1969, quando Hampton Chambers, um homem com um passado de ladrão que desde então concentrou sua atenção na invenção, sai da prisão e se reúne com sua família afro-americana no Vale de San Fernando. No entanto, o retorno de Hampton está longe de ser um simples retorno ao lar, já que sua esposa, Astoria, e seus filhos estabeleceram uma unidade familiar pouco convencional em sua ausência. Astoria provavelmente adotou maior independência e responsabilidade durante o período em que Hampton esteve preso, e seus filhos, Einstein e Harrison, formaram suas próprias perspectivas e podem experimentar uma complexa mistura de emoções em relação ao retorno do pai.
Enquanto isso, Hampton está decidido a se tornar um inventor, concentrando-se atualmente em uma broca autoafiável que batizou de “Bit Magician”. Seu passado como ladrão, a invenção em si e uma dívida de 2.000 dólares fazem com que sua família duvide de suas legítimas intenções.
Mas Hampton está determinado, com a ajuda (também) da intervenção divina.
Surreal, não acham?
Os Criadores
A visão criativa por trás de “Vidas Processadas” nasce da colaboração de Paul Hunter e Aeysha Carr, que são os criadores, roteiristas, produtores executivos e codiretores da série. Paul Hunter traz uma grande experiência, graças à sua carreira como veterano produtor e diretor de videoclipes. Seu trabalho foi descrito como “visionário” e é conhecido por suas colaborações com inúmeros artistas de destaque. A vasta experiência de Hunter em videoclipes influencia o estilo visual distinto do programa e, potencialmente, seu ritmo.
Basta assistir a alguns minutos para que sua fotografia colorida nos lembre de Wes Anderson ou até mesmo dos irmãos Coen.
Aeysha Carr, que contribui com sua experiência como roteirista, incluindo seu trabalho em “The Carmichael Show”, colabora com Hunter. A parceria entre um diretor com orientação visual como Paul Hunter e uma roteirista de comédia como Aeysha Carr sugere um equilíbrio deliberado entre o apelo estético e a narrativa cômica.
Øystein Karlsen também figura como diretor da série.
A equipe de roteiristas de “Vidas Processadas” inclui Hugh Moore, Wes Brown, Migizi Pensoneau, Katherine Kearns e Cece Burke, que contribuem com as diversas vozes que moldam a narrativa.
O Elenco
A família Chambers e o mundo que os cerca ganham vida graças a um elenco de grande talento. David Oyelowo assume o papel principal de Hampton Chambers e também atua como produtor executivo da série. Oyelowo é um ator muito aclamado, amplamente reconhecido por sua poderosa interpretação de Martin Luther King Jr. no filme “Selma”. Seu papel duplo como ator principal e produtor executivo indica um investimento pessoal significativo em “Vidas Processadas”. Esse nível de envolvimento frequentemente leva a uma interpretação mais matizada e dedicada. A versatilidade de Oyelowo, demonstrada tanto em papéis dramáticos quanto cômicos, o torna especialmente adequado para a natureza transgressora de gêneros da série.
Simone Missick interpreta Astoria Chambers, a esposa de Hampton. Missick é conhecida por seu papel como a juíza Lola Carmichael no drama jurídico “All Rise”. Sua escalação para interpretar Astoria, uma personagem que desenvolveu sua própria carreira no design de interiores durante a ausência de Hampton, a torna uma mulher independente e de caráter forte, em vez de uma simples esposa que espera o retorno do marido.
Jahi Di’Allo Winston e Evan Ellison interpretam seus filhos, Harrison e Einstein, respectivamente. O elenco também inclui atores como Bokeem Woodbine como Bootsy, Adam Beach e Sunita Mani.
Sobre a Série
Vale a pena assistir? Definitivamente, sim. Sempre que vemos uma proposta original e atraente, ficamos com vontade de vê-la, e “Vidas Processadas” vale a pena por sua combinação, por sua evidente extravagância e seu senso de humor muito original.
Tem um forte componente de conteúdo social, mas sabe como combiná-lo com uma proposta estética e narrativa distinta. E não, apesar de tudo, não é Wes Anderson. Às vezes se parece, mas a série tem um conteúdo diferente em nível dramático e uma força de roteiro maior do que muitos dos filmes de Anderson. É, simplesmente, algo muito diferente que combina muitas influências e correntes distintas.
O Apple TV+ apresenta uma experiência visual única e potencialmente cativante. Sua mistura de surrealismo, comédia e drama, tendo como pano de fundo o Vale de San Fernando de 1969, oferece uma nova perspectiva sobre a dinâmica familiar e a busca pelo sonho americano. Liderada pelas sólidas atuações de David Oyelowo e Simone Missick, e guiada pela visão criativa de Paul Hunter e Aeysha Carr,
Que vocês curtam!
Onde assistir “Vidas Processadas”