Robert De Niro: o melhor ator de sua geração

Robert De Niro in Cape Fear (1991)
Martin Cid Magazine
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Início da vida

Robert De Niro
Robert De Niro. Depostiphotos

Robert De Niro nasceu em Greenwich Village, Manhattan, Nova York, em 17 de agosto de 1943. Sua mãe, Virginia Admiral, era pintora e poeta, e seu pai, Robert De Niro Sr., era um pintor expressionista abstrato. De Niro recebeu o nome de seu pai, que era descendente de irlandeses e italianos.

De Niro foi criado por sua mãe nos bairros de Greenwich Village e Little Italy, em Manhattan. Seus pais se separaram quando ele tinha dois anos de idade e, enquanto crescia, ele se afastou bastante do pai. Quando criança, De Niro frequentou a escola primária PS 41 em Manhattan. Apesar de sua herança parcialmente italiana, ele só falava inglês enquanto crescia. Era uma criança tímida e passava a maior parte do tempo escrevendo poesias e fazendo desenhos.

Início da carreira de ator

A carreira de ator de Robert De Niro teve início na década de 1960, quando ele começou a conseguir pequenos papéis em produções e filmes fora da Broadway. Algumas de suas primeiras atuações no palco foram em The Typist and The Tiger, na Broadway, em 1963. Em seguida, fez sua estreia no cinema com um pequeno papel em Three Rooms in Manhattan, em 1965.

Nos anos seguintes, De Niro continuou a trabalhar em espetáculos fora da Broadway, ao mesmo tempo em que fazia pequenos papéis em filmes. Ele apareceu em produções fora da Broadway, como The Apple, Gantry’s People, The Bride e The Animal, recebendo elogios da crítica por sua dedicação e intensidade como ator de palco. Isso o levou a mais papéis coadjuvantes em filmes como Sam’s Song, Dealing: Or the Berkeley-to-Boston Forty-Brick Lost-Bag Blues e Bang the Drum Slowly.

Embora a maioria dos primeiros papéis de De Niro no cinema fosse pequena, ele impressionou os diretores de elenco, o que o levou a papéis cada vez maiores. Seu talento bruto foi reconhecido, apesar de seu estilo de atuação sutil e reservado. Durante esse período, ele estudou com a treinadora de atuação Stella Adler, que ajudou a moldar sua abordagem. Por meio da disciplina e do comprometimento com sua arte, De Niro estava ganhando impulso em direção a papéis mais aclamados que estavam por vir.

Papel de destaque em O Poderoso Chefão Parte II

Em 1974, De Niro conseguiu um papel de destaque em O Poderoso Chefão Parte II, interpretando o jovem Vito Corleone. O filme narrava o início da vida de Vito na Itália e sua ascensão ao poder na América.

Para o papel, De Niro estudou intensamente a língua e a linguagem corporal italianas para habitar plenamente o personagem. Ele também passou meses pesquisando a história de fundo e lendo o romance original de Mario Puzo para entender a psicologia e a motivação de Vito.

A preparação e a atuação de De Niro no filme foram amplamente aclamadas pela crítica. Muitos críticos destacaram sua atuação como a principal, e alguns a consideraram a melhor atuação da história do cinema.

Seu alcance emocional, sua capacidade de transmitir a intensidade e o carisma tranquilos de Vito e a perfeita incorporação do papel consolidaram sua reputação como um dos atores mais talentosos de sua geração. O papel demonstrou o compromisso de De Niro em se transformar totalmente em um personagem por meio de pesquisa rigorosa, preparação e técnicas de atuação metódica.

A aclamação e a forte impressão deixada por sua atuação como o jovem Vito Corleone provaram ser um avanço que catapultou De Niro para o estrelato. Esse continua sendo um de seus papéis mais icônicos, que teve um impacto influente na atuação cinematográfica.

Colaborações com Martin Scorsese

Uma das parcerias artísticas mais significativas da história do cinema foi entre Robert De Niro e o diretor Martin Scorsese. Os dois trabalharam juntos pela primeira vez em Mean Streets, de 1973, que deu início a uma relação entre ator e diretor que se estenderia por décadas e resultaria em alguns dos melhores filmes já feitos.

A colaboração seguinte foi Taxi Driver, de 1976, no qual De Niro interpretou o papel icônico de Travis Bickle, um taxista mentalmente instável da cidade de Nova York. Sua atuação intensa e perturbadora como Bickle é hoje considerada uma das melhores da história do cinema. O uso do isolamento, da paranoia e da violência por Scorsese combinou perfeitamente com o estilo de atuação comprometido de De Niro.

O que é amplamente considerado o ápice do trabalho conjunto de De Niro e Scorsese ocorreu em Raging Bull, de 1980. A metamorfose de De Niro no boxeador Jake LaMotta exigiu uma das transformações físicas mais impressionantes do cinema, já que ele engordou 60 quilos para retratar LaMotta mais tarde na vida. Sua atuação furiosa e brutal ancora o filme biográfico, e seu trabalho vencedor do Oscar ainda hoje é considerado talvez a melhor atuação de De Niro.

Com esses três filmes, Scorsese e De Niro formaram uma parceria ator-diretor que trouxe à tona o melhor de ambos os artistas. Suas colaborações em filmes como Mean Streets, Taxi Driver e Raging Bull produziram alguns dos filmes mais potentes, icônicos e estudados da época.

Papéis dramáticos na década de 1980

No final da década de 1970, De Niro ganhou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por seu papel como o jovem Vito Corleone em O Poderoso Chefão Parte II. Isso consolidou seu status como um dos principais atores dramáticos de Hollywood. Na década de 1980, De Niro continuou assumindo papéis dramáticos e intensos.

Uma das atuações mais aclamadas de De Niro nessa época foi no filme The Deer Hunter (O Caçador de Cervos), de 1978. Ele interpretou Michael, um trabalhador do setor siderúrgico da Pensilvânia que é enviado para servir na Guerra do Vietnã. O filme acompanha as experiências traumáticas de Michael e seus amigos antes, durante e depois da guerra. Muitos consideram a atuação de De Niro em The Deer Hunter como um de seus melhores trabalhos. Seu desempenho poderoso lhe rendeu sua segunda indicação ao Oscar de Melhor Ator.

Outro papel dramático digno de nota de De Niro na década de 1980 foi o filme Awakenings, de 1990. Esse filme foi baseado em uma história real sobre um médico da década de 1960 (interpretado por Robin Williams) que descobre que certos pacientes catatônicos há décadas têm uma forma de doença de Parkinson. De Niro interpretou Leonard, um dos pacientes que é “despertado” e trazido de volta à consciência por uma droga experimental. No entanto, os efeitos da droga são apenas temporários. De Niro retratou com habilidade as imensas dificuldades enfrentadas por Leonard e pelos outros pacientes. Seu desempenho sensível lhe rendeu sua sétima indicação ao Oscar.

Trabalho cômico

No final da década de 1990, De Niro começou a se dedicar a papéis cômicos, muitas vezes interpretando personagens anteriormente sérios em filmes muito mais leves.

Uma de suas atuações cômicas mais memoráveis foi no filme Analyze This, de 1999. De Niro estrelou como o poderoso mafioso Paul Vitti, que procura ajuda de um psiquiatra (Billy Crystal) devido a ataques de pânico. Os críticos elogiaram a capacidade de De Niro de alternar habilmente entre o ameaçador e o humorístico, dando nova profundidade ao personagem do mafioso. O filme foi um grande sucesso comercial, arrecadando mais de US$ 176 milhões em todo o mundo.

De Niro continuou a mostrar seus talentos cômicos na sequência de 2000, Analyze That, e na franquia de enorme sucesso Meet the Parents (2000-2010). Em Meet the Parents, ele interpretou um sogro rígido que aterroriza o noivo de sua filha (Ben Stiller). Seu antagonismo bem-humorado roubou a cena e estabeleceu um dos papéis cômicos mais icônicos de De Niro. Apesar de interpretar um personagem exagerado, De Niro trouxe nuance e humanidade ao papel. O filme arrecadou mais de US$ 330 milhões em todo o mundo.

Essa incursão na comédia revelou a versatilidade de De Niro como ator. Apesar de ser conhecido por papéis dramáticos intensos, ele se mostrou igualmente brilhante em filmes mais leves. Mesmo em papéis cômicos, De Niro demonstrou o mesmo comprometimento e consideração que definiram suas atuações dramáticas. Seu trabalho cômico expandiu sua gama artística e o apresentou a novos públicos.

Papéis notáveis posteriores

Na década de 2010, De Niro continuou a participar de aclamados papéis dramáticos. Uma de suas atuações mais famosas foi no filme Silver Linings Playbook, de 2012, em que interpretou um pai supersticioso e fã do Philadelphia Eagles chamado Pat Solitano Sr. De Niro recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por seu papel.

Outro papel elogiado pela crítica veio em Joker, de 2019, no qual De Niro interpretou Murray Franklin, um apresentador de talk show que desempenha um papel fundamental na história. Seu desempenho como apresentador que entrevista o personagem mentalmente doente de Joaquin Phoenix demonstrou a capacidade contínua de De Niro de dominar tanto papéis sérios quanto cômicos, mesmo no final de sua carreira histórica.

Esforços da diretoria

Além de sua aclamada carreira de ator, De Niro também dirigiu vários filmes. Sua estreia na direção foi em 1993, com o filme A Bronx Tale. De Niro dirigiu e também co-estrelou como Lorenzo, um motorista de ônibus trabalhador que luta para manter seu filho Calogero longe do estilo de vida mafioso liderado pelo chefe do crime local Sonny (Chazz Palminteri). A direção sensível de De Niro deu vida à peça original de Palminteri para a tela grande. Embora A Bronx Tale tenha recebido elogios por suas atuações, alguns críticos consideraram que a direção de De Niro se baseou muito em seus instintos de ator, em vez de demonstrar uma visão de direção única.

De Niro só voltaria a dirigir em 2006, com o filme The Good Shepherd, estrelado por Matt Damon como Edward Wilson, um dos fundadores da CIA. De Niro recriou meticulosamente o período entre as décadas de 1940 e 1960 e apresentou uma visão épica, mas introspectiva, do ônus pessoal de uma carreira secreta. O elenco incluiu Angelina Jolie como a esposa de Wilson e John Turturro como um colega agente da CIA. The Good Shepherd recebeu uma resposta mista, com alguns críticos chamando-o de lento e frio, enquanto outros apreciaram o estudo de caráter diferenciado. Embora De Niro tenha provado ser um diretor capaz, ele ainda é mais conhecido por sua lendária carreira de ator.

Vida pessoal

Robert De Niro se casou duas vezes. Em 1976, ele se casou com a atriz Diahnne Abbott. O casal teve um filho chamado Raphael antes de se divorciar em 1988.

Em 1997, De Niro casou-se com a atriz Grace Hightower. Eles têm dois filhos juntos – um filho chamado Elliot e uma filha chamada Helen. No entanto, o casal se separou em 1999. Mais tarde, eles se reconciliaram e renovaram seus votos em 2004. Em 2018, foi anunciado que De Niro e Hightower haviam se separado novamente após 20 anos de casamento. Seu divórcio foi finalizado em 2021.

Apesar de seus divórcios, De Niro permanece próximo de seus seis filhos e continua a manter sua vida familiar privada. Ele disse que ser pai é o papel mais importante de sua vida. Em entrevistas, ele declarou que sua família o mantém com os pés no chão em meio ao seu sucesso como ator.

Legado e impacto

Robert De Niro é considerado um dos maiores atores de todos os tempos por seus retratos icônicos e estilo de atuação. Embora tenha começado como um ator metódico, De Niro ficou conhecido por sua dedicação e preparação intensa para os papéis. Ele transformou seu corpo e aprendeu novas habilidades, como boxe e italiano, para encarnar seus personagens.

De Niro popularizou o método de atuação no cinema e inspirou gerações de atores com sua emoção crua e atuações envolventes. Sua colaboração com o diretor Martin Scorsese produziu alguns dos filmes mais aclamados que moldaram o cinema americano da década de 1970. Filmes como Taxi Driver, Raging Bull, Goodfellas e Casino exploraram temas mais obscuros da sociedade e mudaram a percepção do público sobre a capacidade do cinema.

Com mais de 100 créditos de atuação, De Niro criou muitos personagens memoráveis que tiveram um impacto cultural. Seu papel como Vito Corleone em O Poderoso Chefão Parte II e Travis Bickle em Taxi Driver tornaram-se ícones da cultura pop. A frase “You talkin’ to me?”, de Taxi Driver, é uma das citações de filmes mais famosas. Outros papéis, como Rupert Pupkin em O Rei da Comédia, examinaram a obsessão por celebridades.

Embora seja mais conhecido por seu trabalho dramático, De Niro teve sucesso na comédia no final de sua carreira. A análise de seu processo de atuação séria permitiu que ele dominasse personagens bem-humorados em filmes como Meet the Parents. A carreira de De Niro se estendeu por mais de 50 anos e ele continua a assumir papéis desafiadores que consolidam seu legado. Seu nome é sinônimo de método de atuação e ele serve de inspiração para todos os atores de hoje.

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