“Coringa: Delírio a Dois” – Crítica da Filme: tão Brilhante quanto Profundamente Triste

Coringa: Delírio a Dois
Martin Cid Martin Cid

“Coringa: Delírio a Dois” é um filme dirigido por Todd Phillips, estrelado por Joaquin Phoenix e Lady Gaga. Com Brendan Gleeson, Catherine Keener, e Harry Lawtey.

Todd Phillips propõe criar um filme único, quase desprovido de gênero, que deixasse o espectador no mesmo estado que Arthur Fleck: à beira da desesperação e sempre à beira da degradação total. Ele consegue, mas o resultado nem sempre será agradável ou fácil de assistir.

“Coringa: Delírio a Dois” é, em muitos momentos, uma obra brilhante: tecnicamente bem executada, com liberdade criativa absoluta e que, além disso, possui um subtexto tão transcendental quanto cínico e avassalador.

Não agradará a todos, nem agradou à maioria, pois “Coringa: Delírio a Dois” não pretende ser uma experiência agradável e se propõe a degradar Arthur em Arkham até as últimas consequências.

Argumento

É o julgamento do século: múltiplos assassinatos e finalmente chega o julgamento de Arthur Fleck. Do lado de fora dos tribunais, a multidão clama pela liberdade do homem que traz o caos e a anarquia, enquanto Arthur conhece Harley, uma bela mulher por quem se apaixona perdidamente e com quem começa a fantasiar.

Coringa: Delírio a Dois
Coringa: Delírio a Dois

Sobre o Filme

“Coringa: Delírio a Dois” é, em muitos momentos, brilhante, especialmente no nível técnico e interpretativo. Joaquin Phoenix reprisa seu papel, e está tão bom ou até melhor do que na primeira entrega, pela qual recebeu um Oscar. Lady Gaga se destaca como uma grande atriz e uma excelente cantora, tendo momentos de sobra para demonstrar seu talento em ambas as facetas. Ela interpreta um papel sombrio e realmente maligno, pois Harley é, aqui, a verdadeira “vilã da história”.

Em termos de fotografia, o filme é extremamente cuidado: enquadramentos perfeitos, cores vibrantes e um retrato realista, mas ao mesmo tempo mágico, de Arkham, o hospital psiquiátrico onde o protagonista está internado. O roteiro é de alta qualidade, embora talvez faça referências demais ao primeiro filme e dependa excessivamente da história anterior, o que pode diminuir o interesse pelo que é desenvolvido nesta segunda obra.

Ainda assim, tudo é criativo, brilhante e de altíssima qualidade na produção.

No entanto, é um filme infinitamente mais sombrio do que o primeiro e, quando há um vislumbre de esperança, a realidade se impõe ao espetáculo e a tragédia pessoal da vida real surge.

“Coringa: Delírio a Dois” insiste em degradar o personagem de Fleck ao máximo. E consegue, faz isso bem, talvez até bem demais, com uma metáfora ainda mais amarga: o personagem está além da pessoa, e só servimos à ficção enquanto fazemos parte dela.

Quando deixamos de ser úteis, quando queremos mostrar a pessoa por trás do personagem, a sociedade e os meios de comunicação nos vilipendiarão e nos jogarão à margem.

Nossa Opinião

“Coringa: Delírio a Dois” é um filme que busca destruir toda esperança e toda possibilidade de redenção ao denegrir seu personagem principal até o extremo. E consegue, de maneira brilhante e completamente desoladora.

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